Os olhos cheios de cinema
Fazia tempo que eu não via Ronaldo Brandão, e a notícia de sua morte, em março passado, chegada a mim com semanas de atraso, veio rebobinar um turbilhão de ótimas lembranças, quase todas divertidas. Fui aos necrológios, e lá estava a enumeração do que Ronaldo foi em seus 76 anos de vida – jornalista, professor, crítico, ator e diretor de teatro, crítico e ator de cinema, tudo isso com brilho e graça inconfundíveis. Assimilei a perda, mas faltava voltar a Belo Horizonte, o que fiz na semana passada, àquela mesa de calçada num boteco na esquina de Fernandes Tourinho com Pernambuco, no bochicho da Savassi, e provar a tristeza de lá não ver a figurinha magra e elétrica, borbulhante de talento, de uma das pessoas mais interessantes que já conheci.